A crise na saúde pública de São José de Ribamar voltou a ganhar destaque após moradores denunciarem que precisam chegar a partir das 3h da manhã para conseguir marcar exames na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Nova Terra. A longa espera, sob chuva ou sol, expõe a fragilidade do sistema e reforça os problemas identificados em dois relatórios de fiscalização realizados pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS), que apontam falhas graves em diversas unidades do município.
Os documentos, produzidos após visitas técnicas às UBS Turiuba, Matinha, Nova Terra, Sarney Filho II e Trizidela da Maioba, além do laboratório municipal, escancaram uma realidade de falta de medicamentos, estruturas deterioradas, ambientes insalubres, equipamentos quebrados e relatos de despreparo e desmotivação em algumas equipes.
Muitos dos problemas se repetem nas diferentes regiões da cidade, da zona rural à área urbana, revelando um cenário generalizado de abandono.


A UBS Nova Terra concentra uma das maiores demandas da cidade, mas não recebe estrutura compatível com o tamanho da população que atende. Segundo o relatório, a unidade dispõe de apenas duas equipes de enfermagem para um volume que ultrapassa suas capacidades.
Mesmo com a distribuição das vagas, 40 para o público geral, 20 para gestantes e 10 para pessoas com deficiência, a fila começa na madrugada. Moradores relatam que, para conseguir atendimento, precisam estar no local ainda no meio da madrugada, situação que o próprio relatório destaca como “uma utopia não ter filas”, conforme chegou a afirmar um dos funcionários.
O problema se agrava pela falta de insulina em caneta, poucas fitas de glicemia para diabéticos, falta de luvas e a insegurança do local, que conta apenas com um porteiro noturno. O auditório da unidade está há 15 meses em reforma, o que impede a expansão do atendimento.
Na Matinha, o quadro é ainda mais grave. O relatório aponta: infiltrações severas; mofo no almoxarifado e sala de esterilização; consultórios sujos; armários empenados; maca do curativo em estado crítico; ar-condicionados quebrados; pia do expurgo defeituosa;
apenas uma pessoa para a limpeza de toda a unidade.
A responsável técnica, recém-chegada, relatou que usa mesa e cadeira trazidas de casa por falta de mobiliário básico. A UBS ainda sofre com alagamentos durante o período chuvoso.

A do Turiúba também enfrenta dificuldades graves. O serviço de odontologia está há três meses parado por falta de resina e por uma sala que precisa ser urgentemente isolada.
Entre os medicamentos em falta estavam:
losartana; metformina; dipirona; dexametasona; sulfametoxazol.
Segundo a gestão da unidade, os pedidos mensais chegam incompletos, muitas vezes com menos da metade do solicitado.
Laboratório Municipal: atraso, tumulto e estrutura limitada
Apesar do responsável técnico afirmar que tudo funciona conforme as normas, o relatório destaca que o ambiente é pequeno e tumultuado, além de ocorrerem períodos de atraso na entrega dos exames, especialmente na zona rural, onde apenas o deslocamento leva até 1h30.
As UBS Sarney Filho II e da Trizidela da Maioba estão com situações como mofo, cadeiras quebradas e atendimentos acontecendo em condições insalubres; extintores sem validade visível; consultórios apertados; farmácia estreita com falhas na iluminação; cadeira de rodas quebrada; longarinas amontoadas; sala odontológica com mofo; salas de curativo com luz piscando ou sem funcionar. recepção quente e pequena; banheiros sem acessibilidade; sala de vacina com algodões com sangue no chão e lixeira lotada; tomadas soltas; paredes com rachaduras;
ausência de sala de enfermagem, atendimentos ocorrem em um local apertado e improvisado.
As unidades ainda carecem de atendimento odontológico, devido à alta demanda não atendida.
Conclusão: uma gestão que deixa a saúde à deriva.
Somando as denúncias da população às constatações oficiais dos conselheiros de saúde, fica evidente que a saúde de São José de Ribamar vive uma das piores fases de sua história recente. A atual gestão demonstra incapacidade de resolver problemas básicos, como: falta de medicamentos; unidades deterioradas; filas humilhantes; falhas de estrutura; falta de segurança; atendimento comprometido.
Enquanto isso, a população é quem sofre madrugadas na fila, falta de medicamentos, risco de contaminação.
Os relatórios encaminhados ao município deixam claro que, se não houver intervenção imediata, a situação tende a se agravar ainda mais.
No dia vinte e um de outubro do ano vigente, terça-feira, no período da manhã, foram realizadas visitas no laboratório e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Turiuba, Matinha e Nova Terra.
No dia onze de novembro do ano vigente, terça-feira, no período da manhã, foram realizadas visitas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da Sarney Filho II e da Trizidela da Maioba.










