O futuro dos servidores públicos municipais de São José de Ribamar está pendurado por um fio. Em um movimento que levanta sérias dúvidas sobre a responsabilidade fiscal e o compromisso com os direitos adquiridos, o prefeito encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei complementar que visa o parcelamento e reparcelamento de débitos do município com seu próprio Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
O texto se ampara nas recentes alterações promovidas pela Emenda Constitucional nº 136, de 2025, que flexibiliza as regras para renegociação de dívidas previdenciárias. No entanto, o que parece ser uma “solução” é, na verdade, a formalização de uma irresponsabilidade histórica que coloca em risco a subsistência de milhares de aposentados.
O cerne do problema reside nos não repasses de contribuições obrigatórias ao RPPS. Quando o município deixa de repassar o que é devido, tanto a parte patronal quanto o valor descontado do salário do próprio servidor, ele está, na prática, utilizando esses recursos para cobrir outras despesas. Essa conduta é popularmente conhecida como “pedalada previdenciária” e, juridicamente, pode configurar improbidade administrativa e, no caso das contribuições descontadas, até mesmo apropriação indébita.
O PAPEL DA CÂMARA MUNICIPAL
A Câmara de Vereadores tem agora um papel crucial. Aprovar um projeto de lei que legitima a má gestão e abre as portas para o sucateamento do RPPS é, no mínimo, ser cúmplice da irresponsabilidade fiscal.
Os vereadores de São José de Ribamar precisam agir com a responsabilidade que o Executivo negligenciou, tem que exigir transparência e um estudo atuarial completo, demonstrando o real impacto e o custo futuro desse reparcelamento com garantias de que o projeto imponha contrapartidas rigorosas ao prefeito, como a adoção de medidas permanentes de ajuste fiscal e a proibição expressa de novas dívidas previdenciárias, colocando o futuro dos servidores acima da conveniência política do gestor.
Se esse projeto for aprovado sem um debate rigoroso e sem a imposição de responsabilidades, o município assinará um cheque em branco com o dinheiro suado de seus funcionários, transformando o sonho da aposentadoria digna em um pesadelo de incertezas. A hora de cobrar responsabilidade é agora.










