A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (19) a Operação Lei do Retorno, cumprindo 45 mandados de busca e apreensão em sete cidades do Maranhão — incluindo São José de Ribamar, Caxias, São Luís, Buriti Bravo, Presidente Dutra e Joselândia — e também em Teresina, no Piauí. O alvo: uma organização criminosa responsável por desviar mais de R$ 50 milhões do FUNDEB entre 2021 e 2025, por meio de licitações fraudulentas e contratos sob medida para favorecer empresas parceiras de gestores públicos.
Entre as prefeituras investigadas está a de São José de Ribamar, comandada pelo médico-prefeito Dr. Julinho. A presença do município na lista da PF não surpreende. O Crítica Cotidiana já havia revelado, em algumas reportagens exclusivas, a existência de contratos suspeitos na Secretaria Municipal de Educação (Semed). Em uma delas, denunciamos empenhos milionários feitos antes mesmo da assinatura de contratos, levantando a suspeita de caixa 2 eleitoral. Em outra matéria, mostramos como um contrato de R$ 116 milhões da Semed apresentava contradições graves, risco de direcionamento e até pareceres técnicos pedindo sua anulação.
Agora, com a deflagração da Lei do Retorno, essas peças começam a se encaixar. O que antes parecia apenas um conjunto de irregularidades administrativas ganha contorno de esquema orquestrado de corrupção. O FUNDEB, fundo criado para garantir a manutenção e o desenvolvimento da educação básica, foi transformado em moeda de troca política e fonte de enriquecimento privado.